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Designer de moda de Curitiba cria roupas para crianças com autismo e planeja produção

Quando ingressou na faculdade de Design de Moda, a curitibana Julia Nycolack, 25 anos, já tinha a intenção de trabalhar com moda infantil. No meio do curso, engravidou e a chegada de Arthur, no final de 2017, definiu os rumos profissionais que ela iria seguir. Diagnosticado aos 9 meses com Transtorno do Espectro Autista (TEA), […]

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Quando ingressou na faculdade de Design de Moda, a curitibana Julia Nycolack, 25 anos, já tinha a intenção de trabalhar com moda infantil. No meio do curso, engravidou e a chegada de Arthur, no final de 2017, definiu os rumos profissionais que ela iria seguir.

Diagnosticado aos 9 meses com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o curitibinha sentia muito incômodo com as roupas do enxoval devido ao Transtorno do Processamento Sensorial (TPS), muito comum em crianças com autismo.

Ainda estudante, a mãe se debruçou nos estudos para entender os transtornos e direcionou a vida acadêmica para achar uma solução para o que incomodava seu filho, hoje com 5 anos. As pesquisas resultaram no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e foram para a prática, com a confecção das primeiras peças adaptadas, e no ingresso no mundo do empreendedorismo.

Abriu a microempresa individual (MEI), a Tico e Tica Sensory, que nasceu com a missão de ofertar a inclusão social por meio de roupas infantis que dão conforto às crianças que, como Artur, têm autismo e o TPS relacionado ao toque na pele.

“O sistema tátil dos autistas tem muita alteração e, convivendo com ele e outras crianças diagnosticadas com autismo, percebi essa lacuna no mercado”, explica a microempreendedora.

Inovação que transforma

Depois de ter o apoio da universidade para a pesquisa e desenvolvimento das primeiras peças, agora ela conta com o suporte de outro ator do ecossistema de inovação de Curitiba para fazer seu negócio decolar. A designer tem participado dos eventos do Vale do Pinhão , no programa Empreendedora Curitibana.

Para a presidente da Agência Curitiba de Inovação e Desenvolvimento, Cris Alessi, a trajetória de Júlia é um exemplo de como a conexão entre os atores do ecossistema Vale do Pinhão promove a inovação que transforma a cidade. “Esta é uma proposta que mostra como o empreendedorismo promove a inclusão social, ao ofertar um produto que gera mais conforto e bem-estar às crianças com autismo”, diz.

O papel do Vale do Pinhão neste momento, diz Julia, é orientá-la nos rumos possíveis.

“É o apoio das pessoas do Vale do Pinhão que me faz seguir. Me convidam para os eventos de networking, me conectam com potenciais investidores, me ajudam a entender o nicho que posso ocupar”, conta. 

Escala indústrial, venda personalizada

As primeiras peças foram feitas para o Arthur na máquina de costura do próprio ateliê, em casa. Mais modelos da coleção adaptada foram feitas para outras crianças com autismo e que frequentavam as mesmas terapias de seu filho.

No momento, as peças não estão à venda porque Julia está revendo o modelo de negócio. Quer angariar parcerias e investidores para trocar a produção artesanal pela industrial.

Ainda que a fabricação ganhe escala, os produtos ainda terão a venda personalizada, para contemplar a necessidades específicas de cada pequeno cliente.

Roupas adaptadas

As roupas criadas por Júlia levam em consideração especificidades das crianças com TEA e TPS. Entre elas, golas com soluções que facilitam a passagem da cabeça na peça.

Segundo a pesquisa realizada pela designer com 144 crianças que usaram as roupas, a cabeça dos pequenos com autismo entre 2 e 4 anos tem circunferência maior que a média e reduzir o atrito na hora de vestir é muito importante.

Além disso, elementos como etiqueta e estampas podem ser um incômodo a ponto de iniciar de crises nervosas na criança com TEA e TPS, de difícil detecção pelos familiares. Por isso, as roupas da coleção não têm etiquetas e as estampas não são sentidas ao toque.

O nível de compressão do tecido é outro fator levado em conta na produção. Alguns dos pequenos são hiporesponsivos e é necessário assegurar que nada aperte sobre a pele. Às que se mostram hiperresponsivas, o contrário: é importante que o tecido faça alguma compreensão.

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